28/06/2009

Surreal.


Os negros olhos que um dia encantaram a cigana, hoje mora o tédio e dissabor de uma escolha patética e cômoda, pelo simples medo imputado pelas diferentes castas, de uma tradição, de abraçar o novo e surreal envolvimento que um dia nasceu nele, quando a encarou com firmeza. Ambos, se reconheceram, um no outro, e perceberam, o quanto de sentimento puro e encaixe, existia entre eles, que, entrelaçados, se tocaram em amplo beijo explosivo de paixão, ardor e fidelidade. Foi uma noite de lua cheia, onde na carruagem simplória a qual ele dispunha,cedeu lugar, ao amor verdadeiro e marcante por toda uma eternidade, vivessem quantas vidas tivessem que viver. Ele, sorridente outrora sussurrava: "Parece que estamos em nossa tenda e casados, não parece?" Ela, concordava, e passava os dedos pela lisa pele do seu amado, com cuidado. Ele, retribuía o toque, o qual caminhava em sincronismo ao corpo dela, como se ele adivinhasse instantâneamente, o que fazer e por onde lhe dar prazer. Foi como selar uma promessa de amor, que supera todas as rochas tortuosas do caminho, e que desafiava naquele século, todo e qualquer baralho de tarô. Hoje, separados, os ciganos jamais serão iguais. Ela, ao olhar a fogueira, chora copiosamente, como se uma adaga estivesse cravada funda em seu coração, com as iniciais do nome dele em brasa. Ele, em terra pouco mais distante, na mesma noite, angustiado e emudecido por uma sensação inexplicável, levanta os olhos quase nublados e encara o prateado luar, pronunciando mentalmente, o nome dela, e cerrando os olhos, logo em seguida.  Mesmo sem enxergar naquele momento, ele a vê e a sente, tal qual todos os seguintes dias que vive, sem a sua presença.

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