22/09/2009

Fraco.

Ser fraco, é fazer papel adverso ao que se pretende mostrar.
Ser fraco, é ser covarde e não enfrentar de cara, a verdade.
Ser fraco, é se deixar levar por futilidades.
Ser fraco, é se conduzir, pelo mais fácil e mais cômodo.
Ser fraco, é não dar valor a quem se importa, não se importar, e por isto, perder.
Ser fraco, na real, é aprontar para alguém e não querer se desculpar.
Ser fraco, é ter a destreza de desencantar alguém especial.
Tanta fraqueza, seria mais apropriada a quem é na verdade, jovem e frágil, ainda.
Tanta fraqueza, não cabe confortavelmente, em homem feito.
Mas se é homem feito, onde está a mentalidade que deveria vir de brinde e acompanhar?
Peter pan, só em conto de fadas...e as fadas, ainda são mais dedicidas do que o fraco.
Até mesmo os anjos são mais maduros que o fraco, ainda que tão puros...
Infelizmente, o fracasso é mesmo o teu, e a prova viva deste evento, sou eu.
Não é a toa, que ser fraco é perder, pensa...o F é a sexta letra do alfabeto, nem em terceiro lugar está...enquanto o "C" de coragem vem primeiro, mas só permanece, se você assim deixar.
Quem nada faz, para consertar os erros, se arrepende amargamente, leve o tempo que levar.
Mas para se arrepender quando se erra, antes é preciso humildade para consentir que errou.
Que síntese: o perdedor é um soberbo enrustido, um ausente de coragem...

18/09/2009

Lembranças do Guarujá.

Era uma destas madrugadas insones, em que havia resolvido arrumar suas gavetas do escritório.
Se mudara há alguns meses, mas ainda pendentes, certas organizações de papéis.
Remexeu umas caixas em prateleiras, eis que um de seus livros tombou e caiu aberto no chão...o que fez com que o billhete aparecesse:
"TE BEIJARIA DOS PÉS A CABEÇA, SE ASSIM PERMITIDO....
SEM PRESSA, SEM RISCO, SEM TEMPO, SEM SER CONTIDO
FARIA VOCÊ VOAR E SEM DESTINO, SENTIR ALGO DIVINO,
COISA SEM TIPO, AMOR SEM PRÓLOGO, SENTIR SEM DESATINO
SÓ VOCÊ PRA MIM, SEM FIM, SEM ACABAR, SEM TEMPO PRA FECHAR....
ATÉ VOCÊ ME PEDIR PRA PARAR, EXAUSTA, CONTIDA,
SEM AR E SEM PRESSA...COM A BOCA SECA DE TANTO SENTIR E DE TANTO PEDIR."
Fechou os olhos e sorriu. E foi então que se lembrou dele, o amigo da escola primária, que muito admirava, o qual acompanhara o desempenho durante toda a infância e que, reencontrara anos depois, já adulto, em uma festa de casamento, no litoral de São Paulo.
Ela, usava o vestido elegante, azul royal. Ele, terno cinza chumbo, com risca de giz. Noite de sexta-feira, verão, casamento de amiga em comum, os dois conversavam animadamente.
Ele estava noivo, mas sua noiva se ausentara a trabalho. Ela, namorando, e o namorado por impedimento do tempo chuvoso nublado na estrada, decidira retornar e não comparecer a festa, pois era de outra cidade mais longe.
Cumprimentos após, trocavam lembranças infantis escolares. Eis que a festa chegava quase ao fim, e eles dediciram se despedir dos noivos. Ele cansado, tinha que pegar novamente a estrada a caminho de casa na capital paulistana. Ela, iria dormir na casa da praia, na mesma cidade onde se passava a festa, Guarujá.
"Porque você não dorme em casa, e vai de manhã, mais descansado, pegar a estrada após o café?" Sugeriu ela.
"Não gosto de incomodar", ele respondeu, "e depois, não vim preparado para dormir fora."
"Bobagem, pode usar as roupas do meu irmão, que tem o mesmo tamanho que você, e depois, amigos são para isto." Retrucou a moça cordialmente com um sorriso, o enlaçando pela cintura.
"Está bem, eu aceito, mas só se continuarmos nossa conversa com um café", por fim respondeu o rapaz.
E foi assim, noite adentro, após se instalarem na casa, que beirava a faixa de areia, onde das imensas janelas, era possível mirar as ondas do mar e escutar suas idas e vindas com som peculiar. Fluía a conversa sobre toda a infância, amigos, amores, dores, descobertas.
Estavam na sala do "home theater", sentados no chão, entre almofadas, quando o rapaz, pegou no sono, primeiro. Ela então, o conduziu lentamente até o bicama, e o deitou gentilmente, cobrindo-o com uma fina colcha e se retirou para seu quarto, mas não antes, de olhar bem no rosto adormecido do rapaz e fixar na memória aquele momento único...que homem lindo! Que criança curiosa ele era, e que menino atraente, bonito, desde a infância, apesar de amigo, mexia com ela quando menina, tímida que era, jamais havia mencionado isto. E agora mulher, sabia, que o atraente tinha algo a haver com "desejo", mas também que a admiração era diretamente ligada ao "intelecto" que sempre estava em primeiro plano...
Já em seu quarto, algumas leituras após, adormeceu. Horas haviam se passado, quando finalmente acordou. Lentamente desperta, desceu as escadas, a procura do amigo, no mesmo local onde o havia deixado na noite anterior. Para sua surpresa, tudo arrumado, como se ninguém lá estivesse e tampouco houvesse tocado em nada. Caminhou apressadamente por todos os aposentos da casa, e nada do rapaz, ou de qualquer sinal de que estivesse ali.
"Sonhei?" Pensou. E no seu quarto, o vestido azul royal repousado sobre a poltrona clara.
Ao quase se dar conta, de que, talvez tivesse sonhado, olhou em sua mesa de cabeceira, o livro que lia durante a madrugada, o qual, ao invés do marcador de costume, apresentava pequeno e branco papel na recente página lida.
Eram palavras, com a "ex-caligrafia" do amigo de infância, letras agora, de um homem feito, palavras que surpreendem e afetam a mente, o mesmo bilhete, que agora apertava contra o peito enquanto suspirava e que, hoje, relia mentalmente, sem precisar ler.
Palavras escritas, jamais ditas, olhares não trocados, mas imaginados, sensações que não se efetivaram, silenciadas pela distância entre dois seres, e seus compromissos amorosos da ocasião.
Imaginação fértil, tragada pelo sono, pelo cansaço.
Vivenciar desejos não exteriorizados e expressá-los em letras, é uma arte ímpar.
A compreensão destes, pertence só aos verdadeiros e íntimos cúmplices.
Não soube mais nada do rapaz na época. Nem mesmo, porque silenciou tal emoção conjunta.

04/09/2009

O tapete

Lua cheia. Os dois trocavam olhares no sofá. "Você aceita um Carmenere?" Sugeriu o homem discretamente. "Sim, um dos meus preferidos...mas como foi que adivinhou?" Sorri a moça encantada com a situação. "Um brinde" diz ele, olhando nos olhos dela com força. Eis que ressalta: "Seus olhos brilham sempre assim?". "Não", ela responde - "Só quando se encontram com os teus". "Que bom, temos uma romântica na sala" e ri de volta o rapaz. "Mais vinho?" Novamente oferece ele. "Sim". E ambos, ao levantarem em direção a mesa de puro cristal onde a garrafa de vinho estava, se encostaram, ombros de leve, se tocaram devagar. Sorriram. Ele, mais decidido, lhe passava o braço pelas costas, sentido o seu vestido florido e em um instante, parecia sentir que as flores do tecido desabrochavam...Ela por sua vez, deu um passo para trás, tentando se desvincilhar do óbvio contato, inicialmente inocente, mas por ora, sutilamente, sedutor. "Não fujas de mim", ele balbuciou. "Sua pele, tão macia!". Ela, com receio, tenta escapar do abraço, e novamente, ele a alcança. "Me deixa. Não faz isto", suplica a moça com o corpo arrepiado pelo toque, já meio que ardendo em desejo que tenta esconder."Nunca!", o rapaz declara, abraçando-a com atitude, de modo a impedir que escapasse. E, na sequência poderosa desta atração, seus lábios se resvalam no pescoço dela, até chegar ao seu colo, liso, macio, e sardento.

Tentativa inútil da moça, de fugir de sua paixão guardada, pois ele a puxa contra si e a acaricia, não mais tão gentil, agora, dominante da situação de luta corpórea travada, em êxtase, apressadamente, e sem culpa, suas mãos se perdem no corpo dela em diversos movimentos, explorando, cada parte, de sua cintura, quadris, seios, colo e ombros, onde seus beijos acompanham lentamente, em intervalos propositais, para fazê-la arrepiar e ceder à situação visceral que começara. Ela, já sem controle, lhe arranca a camisa, em movimento acelerado, quase que violentando seus botões, de tamanha vontade de colar o corpo no dele, em ritmo ideal de dois amantes que brindam com um vinho sob a luz do luar.
Toda a sequência de atos maliciosos, por vezes, delicados, tomou conta dos dois em idêntica frequência: ele semi-despido, arranca-lhe o vestido florido, lhe entorpece de beijos e lhe puxa gentilmente ao chão, sobre enorme e macio tapete...ela, por sua vez, como uma fêmea no cio, cede ao encantador paladar que sente dos beijos dele, e se deita, aproveitando para tirar dele, as calças, a roupa de baixo, e já comprimir o corpo dele, com uma chave de pernas forte, o que o surpreende. Já não mais existe o casal receioso do início, e sim dois sonhadores em frenesi, se acaricando, amando e ardendo em chamas imaginárias de tanto prazer!
O gozo efetivo, premia o ato completo, e ambos gemem, ao mesmo tempo e tom, exasperados, agraciados e saciados um pelo outro.
Sorriem. Ainda encaixados, ela o aperta com todas as partes de seu corpo, inclusive no seu membro, que novamente erijeçe, tamanho é o prazer inesperado da contração interna que se segue.
Respiram fundo. Se entreolham. E juntos, abraçados, adormecem sobre o macio e aconchegante tapete daquela sala.