10/07/2009

Príncipe das Marés (adaptação do real)

Ele, que já foi o moleque tímido e inseguro que usava roupas esfarrapadas e camisetas pretas ostentando palavrões (com medo de ser rejeitado), também se tornou um homem amado, que arrancou e arranca, ainda, suspiros e sorrisos. Ele, que descobriu que a lucidez é a única cura para todas as loucuras e injustiças do mundo, já foi o profissional bem sucedido e arrogante diante do fracasso alheio, e também, já foi o perdedor cínico a observar a gangorra da vida. Também já foi, a criança, que acreditava em bicho papão, papai noel, loira do banheiro, e se tornou, o jovem que acreditou também em esquerda, direita, amor, futuro, sexo, drogas e rock'n roll, deuses de toda sorte, de todos os tipos, espécies, tamanhos e formatos, para todos os gostos, bolsos, naipes e necessidades, deuses dos mais cruéis aos mais humanos. Ele agora, acredita em um único Deus fanfarrão e bebedor de cerveja, feito a imagem e semelhança de seu pai (que a esta altura, está em outra dimensão do planeta azul.). Este homem, cara de moleque, jeito infantil no olhar e firmeza de um quarentão, já foi o talentoso poeta, atormentado e infeliz, que encantou mundo com os espinhos de sua dor, e também, já foi artista medíocre que entediava a todos com sua felicidade vazia e estranhamente irreal. Ele, já enterrou parentes queridos, bichos de estimação e amigos imaginários (na visão dele, eles também morrem!). Ele, já foi, o velho amargo que afogou suas frustrações em um copo de cachaça, e também já foi o jovem idealista na virgindade de todas as certezas do mundo. Ele, já quis ter dinheiro, ter poder, ter uma esposa, filhos e uma família de propaganda de margarina, já quis ser recluso sem internet, sem celular, sem eira e sem beira, já ficou de bobeira por aí...Este moço, uma vez já foi, o filho omisso e ingrato que some de casa no dia das mães, mas já foi o bom garoto que enche o peito de mães e sogras de orgulho, contudo, já foi o bêbado irresponsável cujo raciocínio só alcança o próximo gole. Já foi muito feliz, infeliz, confiante, depressivo, encantador e frustrante, às vezes tudo ou quase tudo ao mesmo tempo, foi capaz de chorar, sorrir, irar, se indignar.
Hoje, este ser turbinado de sentimentos e emoções, com ou sem razão, muitas vezes, nutrido de defeitos como todo mortal, dotado de mil sentimentos ao mesmo tempo, é um amigo que ganhei, um companheiro de jornada terrena, que admiro e respeito. O garoto, já não mais tão moleque, tornou-se um talentoso crítico da vida, em minha simples visão. É ele, meu eterno "príncipe das marés". Seus olhos dizem muito, sem seus lábios se abrirem, seu sorriso emudece qualquer lágrima, mesmo sem que ele possa notar. Suas atitudes, podem fazer vibrar, tanto para o doce encanto, quanto para a magia mundana, dependendo do quão consciente ele estiver do poder que ele tem, de fazer alguém feliz, somente, por estar presente. Sua conduta, pode influenciar ao descaso, ao "mimo", ao caráter, ao afago, a desobediência, ao erotismo, à timidez ou somente a ouví-lo, incansavelmente. Um homem em busca da vida real, como ela é. E por isto, me cativou.

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