24/10/2010

Saudades.

Conversas de valor são para pessoas preparadas, extremamente sensíveis ao espiritual, e de ponta.
Conversas onde se obtém força pelas palavras articuladas, de onde se provêm apoio.
Afagos verbais "eu quero ver você feliz" "se cuida" "não te quero ver triste", "estou contigo e não abro".
O porto seguro afetivo, uma vez perdi, por acreditar em alguém do qual ouvi "o amor é o melhor colchão para você cair". Depende. Se existe um furo neste colchão, ele vaza. Se não existe reciprocidade nas relações elas morrem. Se só um procura o outro, não se mantêm juntos, os dois, no mesmo ideal emocional e afetivo.
Saudade é a única sobrevivente do planeta sentimento.
Para que você sinta saudade, não é preciso que o outro a sinta por ti. Ou no seu lugar.
Não é preciso, que você escute do outro o mesmo afeto.
Nem é preciso que, ele te faça assinar um contrato, com data e prazo de validade, para que você pense nele!
Eu sinto saudade, das conversas de valor com algumas pessoas. Dos mestres que muito me ensinaram, dos mais jovens amigos que eu, que me ensinaram outras perspectivas de ver a vida.
Dos meus irmãos soltos no mundo e muitas vezes, distantes demais de mim.
Sinto saudades de alguns afetos que tive, pelos bons momentos que proporcionamos um ao outro.
Sinto saudades de amizades que se foram, ou porque deixaram o planeta, ou porque viajaram e tudo mudou nas rotinas dos nossos círculos.
Sinto saudades da infância, repleta de amigos infantis e alegres, saudades por vezes, de ser mais inocente do que sou agora e, por sofrer bem menos, pela exata falta de conhecimento de que, o mundo, não é tão cor-de-rosa.
Não sinto saudades de sofrimento, mas, inevitável esquecer, de pessoas que um dia nos fizeram sofrer, porque no afeto, tanto para o bem, quanto para o mal, as marcas vêm e ficam.
Hoje tive duas conversas de certo valor, ambas afetivas. Uma soberba, outra humilde.
A humildade sincera, me fez viajar. Saudades. De um tempo que ainda não tive. Nuances eu diria bem surreais para se tornarem verdade, a não ser que passado já fossem...
Gostaria de poder deixar saudades positivas por todos onde eu passar, e jamais deixar nos outros, as saudades tristes que percebi no meu dia, devido a soberba disfarçada.
O interessante, é que as saudades saltitantes de uma conversa de valor, sublimaram a outra que foi triste.
O interessante, é que eu não faço outra coisa, senão pensar no ser iluminado e incandescente autor desta obra de arte em meu pensamento, pois algumas palavras que ouvi, ecoam com tanta gana, tanta verdade, que conseguiram se infiltrar em mim.
Estes verbetes foneticamente alinhados, me arrepiaram, me desconcertaram e me fizeram parar para escrever. Em suma: é muito me manter inspirada, graças a você!
Estes fertilizantes sensoriais intrigam, mas adoçam a minha vida.
Estas atitudes de bem querer, me fortalecem. Anestesiam algumas dores do percurso.
E por outro lado, as saudades agora estão muito mais potencializadas...eis o dilema.

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