15/10/2010

Os artistas.

Pessoas comuns, dotadas de experiência, acadêmica ou executiva, têm muitas vezes, veia de artista. Como pode ser isto? Alguns são artistas de picadeiro e fazem de suas aparições, em sala, verdadeira arte de ensinar, através de uma aula “show” que contagia os ouvintes e os mantêm bem acordados.

Alguns, por outro lado, são artistas de televisão, daqueles que precisam decorar seus papéis com antecedência, e também de luzes fortes, holofotes e microfones por perto, pois cada artista tem sua peculiaridade, sem desabonos.

Ainda existem aquelas pessoas que, muitas vezes ficam nos bastidores, árduos pesquisadores do ensino, passam noites acordados produzindo seus papéis de teses e dissertações e suas pesquisas científicas, deixando a família de lado, para em uma data específica, como um apresentador, passar por uma banca que decidirá se elas estão aptas a obterem a famosa titulação que as levará ao grau máximo dentro da profissão.

Outras pessoas, não são da televisão, nem do circo, nem dos bastidores, mas usam a mesma arte cênica para encantar seus pupilos, com a percepção do saber, contando experiências de vida, misturadas a interação destes, em verdadeira conferência teatral para ensinar. Poucas vezes, improvisam aulas, baseadas na sua vasta experiência profissional.

Todos os artistas de diferentes trupes têm algo em comum: Querer passar adiante o conhecimento. Querem contaminar mentes diferentes, mais jovens ou mais senis, com o saber, por alguma razão, mágica vontade de multiplicar um pouco do que sabem ou do que adquiriram, para formar profissionais, ou ao menos, colaborar no conteúdo desta formação.

Eles têm a mesma alma livre: eles sonham. Mas também precisam de alimento, renda, família, teto, aconchego, de férias, cuidar da voz, da alergia ao giz, da tendinite, da bronquite, e muitas vezes, no final da noite de trabalho, trocariam qualquer massagista oriental apenas, por uma boa xícara de café. Ou qualquer prova para corrigir, para ficar com seus filhos no colo, se fosse possível.

Vida de artista é conto de fadas? No “foram felizes para sempre?” Temos artistas do saber, que viúvam, outros, que jamais se casam, que namoram, que viajam a trabalho, ou até, se separam, pois, ser “professor” exige tempo e dedicação, o que, muitas vezes é quase que impossível de conciliar com as expectativas de seus companheiros.

Os docentes são artistas não porque ensinar é uma brincadeira de circo ou televisiva, mas sim porque a arte de driblar sono, cansaço, pouco dinheiro, problemas familiares, discordâncias acadêmicas, “by pass” de companheiros de trabalho, torna-se verdadeiro ritual diário e exige, do artista, malabarismo mental e jogo de cintura emocional.

O docente, seja do público, privado, seja do ensino médio, ou da graduação, tem que ter sorriso no rosto, roupa decente, saúde de ferro e muita cultura geral diária para enfrentar o seu cliente, e não perecer por engano da crítica aos olhos de seus alunos. Tem que parecer intocável sem ser, mostrar que também é gente, mortal comum que faz supermercado, que ri no cinema, que chora ao se emocionar, mas, que dentro da sala ainda é o líder capaz de influenciar positivamente, a quem ensina e que é exclusivamente, dono de algo que seus alunos ainda não completaram totalmente: informação.

E muitas vezes faz isto sem o reconhecimento financeiro adequado. E quantas vezes torna real projeto aos seus alunos, sem ao menos ser notado? Ou reconhecido? È uma profissão bonita, digna, mas cheia de vaidades, ainda, da maioria do grupo. E apesar disto, o docente tem uma fé, que vai contagiar seus alunos impecavelmente. Sendo ele o homenageado ou não na colação, ele fez sua parte.

Não é preciso seu nome em destaque, o que basta a este artista, é que, um ao menos, de uma gama de seus alunos, lhe agradeça ao final de um período, por algo que tenha sido assimilado ou modificado sua vida. Papel cumprido. Ano letivo encerrado, férias a vista, e eis que surge novamente o próximo período?

O artista se alimenta do seu trabalho, e assim reage, em um domingo a noite, onde diante da tv percebe algo que poderá ser usado em sala, ou diante de seu lazer tira uma revista do salão de beleza onde está, para recortar aquela matéria, ou que já acorda pensando qual será o “case” que aplicará para a próxima turma. Um constante observador do cotidiano, e usuário deste, faz suas encantadoras aulas, da melhor forma possível, ainda que não agrade a todos.

Este artista não precisa apenas de um roteiro. Ele precisa de vontade de ensinar o que aprendeu.

Salvem a todos os artistas, docentes que ainda mantém viva a chama desta atitude!

FELIZ DIA DO PROFESSOR.

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