14/04/2010

Um herói chamado Cássio.


"Dolorida, mas feliz".
Tirando a parte engraçada, de eu cair ao chão ontem, no meio de uma avenida, enquanto o sinal de trânsito ainda estava fechado, e a fama de já ser desligada, mesmo hoje, ainda dolorida, estou muito feliz e emocionada.
Passo todos os dias, de certo modo, tensa e preocupada, com tudo o que eu preciso fazer durante o dia.
Quero terminar todo o trabalho pelo qual sou responsável, quero ganhar dinheiro, quero pagar TODAS as contas em dia, economizar no Banco, quero ser a esposa “linda-sorridente-perfeita-arrumada”, e nem sempre dá tempo sequer de ir ao salão de beleza me preparar.
Quero estudar, formar opinião, me manter atualizada, aprimorar conhecimentos.
Quero ser mãe um dia, me dedicar, e penso que para isso tenho que ter estrutura emocional e financeira, é também por isso que decidi trabalhar tanto.
Quero dormir, curtir meu marido, meu lazer ou meu sossego, e falta tempo.
Quero melhorar o físico, vejo a idade chegando ao rosto, no corpo e me preocupo como serei daqui há dez anos, há vinte.
Quero continuar tendo saúde para trabalhar, e ao mesmo tempo queria o dia com 26 horas só para dormir as horas que eu trabalho na madrugada.
Ando, dirijo, caminho, vez ou outra, pensando em todos os anseios que eu tenho e na rotina que ainda tenho a cumprir até que o dia (madrugada) termine.
O pensamento é mais rápido que quase tudo, por isso, a queda, me faz prestar atenção, ainda que eu não queira, em como estou correndo e como vai minha vida.
No pequeno minuto que levo entre perceber que eu caio e tento me levantar, percebo, com muita atenção, que meu enteado, se apavora, se preocupa comigo, a me ver cair. Olhei em seus olhos escuros redondos e vi claramente, que ele me ama. Não como um filho, mas como um pequeno ser humano que gosta de um adulto amigo. Que o protege, esquecendo o quanto ainda é pequeno fisicamente.
Escuto no vento sua voz, (o mais alto que pôde) como um reflexo de atenção, para os veículos que fluem na avenida.
Levanto-me, o mais rápido que eu posso, pois já o vejo, voltando ao meio da avenida, na tentativa de me puxar como alguém que vem e me puxa do "perigo eminente". Ao ficar de pé, ele ainda está ao meu lado, impetuoso, impassível, concentrado em mim, esquecendo que estamos no meio da avenida e os veículos fluem.
A cena é dantesca, mas emociona, porque os veículos, embora com o sinal aberto à passagem, diminuem a velocidade, justamente para nos dar a chance de retornar intactos à calçada, pois os seus motoristas, presenciaram antes, minha queda.
Retornamos. Certificamos-nos que ambos estavam bem. Conversamos sobre o ocorrido, no sentido de orientar o que se deve ou não fazer ao atravessar a rua.
Tudo volta ao normal, seguimos nosso caminho para casa.
Quase tudo. A partir daquele momento, ainda dolorida como estou hoje, percebo o que uma fração de tempo, pode modificar a minha vida.
Estou grata pelo Cássio ter parado para me ajudar, e profundamente emocionada pelo seu grito de alerta.
A dor da queda e tropeço, é nada, comparada ao fato de que eu finalmente tive uma prova de amor e dedicação de um ser tão jovem, que eu amo tanto e que me cativou desde muito cedo, para sempre.

Isto foi em janeiro de 2007, mas fica aqui registrado o meu herói e amor que tenho...

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