25/04/2010

Quantas vezes?

Quantos poemas escrevestes em folhas que arremessou amassadas ao cesto?
Quantas vezes titubeou em procurar pessoas a quem devia alguma palavra?
Quantas vezes se fez perder em pensamentos que não colocou em prática, por mera distração?
Quantas vezes, no patamar de seu ego, evitou confrontos mais profundos contigo mesmo?
Quantas vezes fechou o semblante ao invés de sorrir ?
Quantas vezes desencantou uma mulher na sua juventude e agora, se arrepende de não ter feito diferente?
Quantas vezes, deixou a família de lado, por um dia a mais de trabalho, ou por algumas poucas horas, em que julgava ter outras prioridades?
Quantas vezes traiu sua mente e trapaceou com teus princípios e criação, para não mostrar o que pensava de assuntos estritamente políticos onde sua menção era necessária?
Quantas vezes escolheu o certo pelo incerto e jamais teve chance de se lançar mais aventureiro de emoções em tua vida?
Quantas vezes desejou o afago materno, que já se tornara impossível, por ela não estar mais presente?
Quantas vezes, tropeçou na insanidade absurda de seu moralismo incontido, perante o dever de cidadão na sociedade?
Quantas vezes escondeu, dos que te amam, suas dores, para que parecesse mais forte?
Quantas vezes conseguiu contemplar o Pôr do sol com tempo para meditar sobre o seu dia?
Quantas vezes se deparou com emoções extintas pela falsa impressão de que não é mais criança e de que sendo adulto não pode brincar de faz de conta?
Quantas vezes ouviu uma música, que encostou na tua alma e te fez cobrir os olhos de lágrimas?
Quantas vezes, veio em teu paladar, aquele gostoso café, em dia de chuva, em uma tarde cansativa de trabalho?
Quantas vezes ouviu chamar teu nome e fingiu temporariamente, que não era você?
Quantas vezes, desejou fortuitamente, aquela moça bonita por perto?
Quantas vezes, ensinou pessoas a serem melhores, e depois, se decepcionou com elas?
Quantas vezes, em uma discussão, desistiu do assunto, só para encerrar um litígio agressivamente imoral?
Quantas vezes, acordou indisposto e tirou de seus mais profundos instintos, um sorriso para fingir que tudo ia bem?
Quantas vezes, teve chance de cativar uma nova amiga, que antes nem sequer suspeitava estimar sua pessoa?
Quantas vezes, conseguirá mais, dissuadir, uma pessoa anônima, a mostrar através dos escritos, um pouco dela mesma?
Quantas vezes mais, causará profundos e nobres sentimentos, em alguém dotado de uma solidão estanque?
Quantas vezes, serão necessárias, que tenha provas, de que seus escritos, feitos com seu mais profundo eu, norteia outros a prosseguir?
Quantas vezes já sorriu hoje? Então, ao menos agora: sorria certo, de que cativas. Cativou, responsabilizadamente, com louvor.

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